domingo, 26 de setembro de 2010

Vou parar de ler!

Decididamente, vou parar de ler!
Isso é uma praga, é pior do que saúva em plantação de mandioca, é pior do que bactéria em ferida, é pior do que corrente cirulando por e-mails, pior do que piolho em cabeça de criança na escola.
Toda vez que leio, me dá uma votade de ler mais!!
Com a leitura não existe essa história de matar a fome; quanto mais se come, mais se quer. E se não bastasse a minha lista interminável de livros que tenho vontade de ler, ainda me vêm as personagens de alguns romances falando com paixão de obras maravilhosas, de um autor isso, de um poeta aquilo, o que só faz aumentar a minha lista que não pára de crescer...
Aviso, se você não quer se viciar, evite o primeiro livro.
Antonio Frederico! A culpa é toda sua, sua e do seu laço de fita... ô poetazinho sedutor você, hein?
... mas à medida que escrevo essas linhas, fico pensando em como seria a minha vida sem a leitura...
Ai! não seria... o jeito é continuar trabalhando para comprar livro e, ao invés de saciar, aumentar o apetite, a fatura do cartão de crédito e o rombo na conta bancária...
Hum! Alguém poderá argumentar "mas existem páginas, como o Dominio Público, que disponibilizam muitos livros maravilhosos gratuitamente". Isso significa que posso economizar lendo na tela.
Sim, até certo ponto, isso é verdade. Entretanto, não resolve o meu problema.
No trânsito cada vez pior de Salvador, não posso imaginar sair de casa sem um bom livro de bolso na bolsa, a não ser que queira morrer de tédio. Então, preciso ter livros para levar comigo.
E o que fazer com os livros que baixei ontem lá no Domínio Público?
Socorro!!!
A minha dose de leitura diária só aumenta: na rua, o livro de bolso na bolsa (comprado); em casa, o livro digital na tela do computador (de grátis), a leitura antes de dormir... estou arruinada... não tem jeito... uma vida só é muito pouco...
E eis que um pop-up acaba de saltar aos meus olhos: promoção de livros com frete grátis!!! Não posso perder...
Viu, Antonio Frederico?! A culpa é sua, toda sua (e, a propósito, seus textos também estão lá no Domínio Público viu?!)!!!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Deixe-me!

Eu não ando só pelos caminhos da vida.

Alguém me acompanha.

Alguém me persegue.

Urra em meu peito feito ventania,

A companheira dos que não tem companhia:

A minha solidão.


Sempre fria e velada,

Tem-me a ela aprisionada.

É fardo que carrego calada,

Que fez em mim sua morada.

Parte de mim, como letra e canção.


E se eu fosse morar na lua,

Distante da escuridão dessa rua,

Onde uma estrela maior brilha,

Voar num cometa sem deixar trilha?

Ela, ainda assim, me seguiria.


E se eu tivesse meu corpo

Dentro de uma cova fria?

Enterrado para sempre

Num verso cheio de melancolia?

A minh'alma, certamente, ela acompanharia.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Conversa com Drummond

O mundo é grande
e cabe nesta janela sobre o mar.

O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.

O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Na cama com Dom Casmurro


Capitu traiu ou não Bentinho?
Essa é a pegunta que paira entre todos aqueles que leram Dom Casmurro, romance do escritor brasileiro Machado de Assis.
Bento Santiago, o marido ciumento; Capitu, a bela esposa de olhos oblíquos e dissimulados; Ezequiel, o melhor amigo de Bentinho e sujeito/objeto da discórdia. Esse é o triângulo da história, e sobre ele se têm construído hipóteses e mais hipóteses argumentando contra ou a favor da suposta infidelidade. Eu também tenho a minha. Acho que ela não o traiu. Por ora, isso não vem ao caso, pois esse não é o triângulo assunto desse post.
Então, vamos ao que interessa.
Outro dia, em minhas andanças pelo mundo, ouvi uma interessante história de uma leitora.
Ela era uma mãe de família, esposa e professora do Ensino Fundamental I em uma pacata cidade do interior. Recentemente havia se tornado estudante universitária também. E foi por causa da universidade que começou a ler Dom Casmurro.
Era sua leitura de cabeceira, pois depois de uma rotina de trabalho na escola, em casa e de outras atividades da faculdade, só lhe restavam os minutos finais do dia, antes do sono chegar.
O marido percebeu. Enquanto ele estava lá, deitado e cheio de saudades da mulher, ela, lia, sorria e suspirava. Ele, cansado de esperar, dormia.
Todo dia era a mesma coisa, recostava-se na cama com o livro nas mãos e deleitava-se com ele. O marido tentava se aproximar, fazia um chamego, mas ela prontamente dizia:
- Agora, não. Estou lendo.
Com o passar do tempo, o marido começou a não gostar nada daquela história.
- O que é que tanto você lê?
- É Dom Casmurro, de Machado de Assis.
- E quem é esse talzinho aí?
- É Bento Santiago. Mas deixe de conversa que você está me atrapalhando. Estou num momento importante da história.
O jeito era dormir. Então, o marido virava-se de lado na cama e ia procurar o sono para suprir a ausência da mulher.
Não sei quanto tempo a leitora levou para concluir aquele livro, mas sei que, por um tempo, Bento Santiago roubou de um marido instantes de carinho, chamego e aconchego com sua esposa. E ele, o marido, estava com o tal de Dom Casmurro atravessado na garganta. Cabra macho arretado que era, seria bem capaz de dar uma coça no tal Dom caso o encontrasse.
Um dia da caça, outro do caçador... Agora, o Dom Casmurro era sujeito/objeto de uma discórdia conjugal...
Quem diria, hein Bento Santiago?!