quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Na cama com Dom Casmurro


Capitu traiu ou não Bentinho?
Essa é a pegunta que paira entre todos aqueles que leram Dom Casmurro, romance do escritor brasileiro Machado de Assis.
Bento Santiago, o marido ciumento; Capitu, a bela esposa de olhos oblíquos e dissimulados; Ezequiel, o melhor amigo de Bentinho e sujeito/objeto da discórdia. Esse é o triângulo da história, e sobre ele se têm construído hipóteses e mais hipóteses argumentando contra ou a favor da suposta infidelidade. Eu também tenho a minha. Acho que ela não o traiu. Por ora, isso não vem ao caso, pois esse não é o triângulo assunto desse post.
Então, vamos ao que interessa.
Outro dia, em minhas andanças pelo mundo, ouvi uma interessante história de uma leitora.
Ela era uma mãe de família, esposa e professora do Ensino Fundamental I em uma pacata cidade do interior. Recentemente havia se tornado estudante universitária também. E foi por causa da universidade que começou a ler Dom Casmurro.
Era sua leitura de cabeceira, pois depois de uma rotina de trabalho na escola, em casa e de outras atividades da faculdade, só lhe restavam os minutos finais do dia, antes do sono chegar.
O marido percebeu. Enquanto ele estava lá, deitado e cheio de saudades da mulher, ela, lia, sorria e suspirava. Ele, cansado de esperar, dormia.
Todo dia era a mesma coisa, recostava-se na cama com o livro nas mãos e deleitava-se com ele. O marido tentava se aproximar, fazia um chamego, mas ela prontamente dizia:
- Agora, não. Estou lendo.
Com o passar do tempo, o marido começou a não gostar nada daquela história.
- O que é que tanto você lê?
- É Dom Casmurro, de Machado de Assis.
- E quem é esse talzinho aí?
- É Bento Santiago. Mas deixe de conversa que você está me atrapalhando. Estou num momento importante da história.
O jeito era dormir. Então, o marido virava-se de lado na cama e ia procurar o sono para suprir a ausência da mulher.
Não sei quanto tempo a leitora levou para concluir aquele livro, mas sei que, por um tempo, Bento Santiago roubou de um marido instantes de carinho, chamego e aconchego com sua esposa. E ele, o marido, estava com o tal de Dom Casmurro atravessado na garganta. Cabra macho arretado que era, seria bem capaz de dar uma coça no tal Dom caso o encontrasse.
Um dia da caça, outro do caçador... Agora, o Dom Casmurro era sujeito/objeto de uma discórdia conjugal...
Quem diria, hein Bento Santiago?!

Nenhum comentário: