terça-feira, 27 de julho de 2010

Asas


Entrou em casa esgueirando-se pelo corredor. Não queria ver ninguém. Alcançou o quarto e deixou o corpo deslizar pela parede; ficou no chão.
Uma dor profunda. Algo sufocado, aprisionado, queria sair, mas não sabia como fazê-lo. Ela era lágrimas compulsivas e soluços.
Procurou força onde não tinha e conseguiu jogar-se na cama. Deixou-se ficar ali. Tentou dormir. Pediu aos pensamentos que lhe dessem um instante de pausa, mas eles não foram gentis. Só restava esperar o momento em que o sono seria mais forte do que eles...
Acordou com um filete de luz que entrava pela janela. Era dia. Levantou-se. Olhou em volta. Só silêncio.
O tempo vai passar. Com o tempo, vai passar. Era o que dizia a si mesma em pensamentos.
Um passarinho solitário voava sob o céu. Ela o acompanhou com os olhos. Até perder de vista. Desejou ter asas que lhe levassem para longe de si mesma.

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