domingo, 19 de dezembro de 2010

Inércia

"É mentira.
Não estou bem.
Nada está nada bem".
Era o que ela dizia bem alto, em frente ao espelho.
Há dias esperava aquela visita, aquele telefonema, aquele e-mail... Mas hoje acordara sem paciência. E a curiosidade em saber o que se passava por lá só crescia...
Estava cansada de esperar por aquele telefonema que disessesse tudo aquilo que, no fundo mais fundo de si, ardentemente desejava ouvir. Cansou de fingir para ele e para si mesma que estava tudo bem.
Se as portas não foram fechadas, por que não ultrapassavam o limiar? Sentia-se parada diante da soleira. 
E o desejo de ver, de estar, de sentir, de amar, doía. A vontade era sair correndo, e ir lá, e dizer que para ela não acabou, e reconhecer o quanto sentia sua falta, e admintir que não era tão forte assim...será que ele nunca percebeu? É, na verdade, ele nunca foi bom de entrelinhas.
A vontade era sair correndo debaixo de chuva e ir ao seu encontro, parar molhada na porta da casa e se aquecer naqueles braços.
E decidiu ir assim mesmo, naquele instante, naquele ímpeto, daquele jeito - despenteada, descalça e com sua camisola de boneca cor de rosa.
Pegou a chave do carro e ficou balançando-a em frente ao nariz, talvez tentando se hipnotizar.
Mas entre as quatro paredes, entre a janela e a porta escancaradas, não achava jeito de sair.
Não estava chovendo, e a luz da lua cheia invadia todo o quarto.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

É que, no fundo, sou romântica


Ando cansada, muito cansada, dessa mania (coletiva?) de beijar sem se envolver, de transar sem se gostar (às vezes é até bom, mas se for só assim, sempre assim, enjoa). Cansei da banalidade das palavras gastas e vazias, da superficialidade. Cansei desse jeito de namorar mais ou menos, de gostar mais ou menos, de amar mais ou menos. Cansei de meias medidas. 
Alguém tem um copo cheio?