domingo, 21 de novembro de 2010

(De)vagar


Toc, toc, toc, toc. Era o que ouvia ao sentir o impacto do salto do sapato contra a dureza da calçada de concreto no seu passo rotineiro e apressado.
Uma fenda mínima na passarela de concreto atravancou o seu passo, descompassou o compasso. Com o susto de quase ir ao chão, ela parou. O coração acelerou. Respirou fundo.
Naquela manhã de sol ameno, o vento roçava as folhas das árvores do outro lado da calçada. Entre uma e outra, um matiz de luz e sombra. Na linha do horizonte, entendeu porque uma reta é um conjunto de pontos infinito. Pensou no trabalho, nas quatro paredes, na ausência do sem fim... e não teve vontade de ir. Pensou em ficar ali.
Tum, tum. Tum, tum. Tum, tum. Ouvia seu coração pulsar de par em par...
E num acesso de irresponsabilidade, e num amplo desejo de liberdade, mudou o caminho, atravessou a rua, desviou a rota. Escutou os passos do seu sapato sobre folhas secas. E cansou-se de olhar o mundo de salto alto.
De pés no chão, sentiu a terra entre os dedos. Abriu os braços. Tirou o vento para dançar. E ao som de pássaros, celebrou a vida.



sábado, 20 de novembro de 2010

Quero viver, mas não sei por onde começar.
Quero escrever, mas não sei o que dizer, não sei como fazer.
Procuro inspiração, mas só encontro o vazio; me encontro no vazio. No vazio onde tudo sobra, no vazio em que você falta. Procuro palavras, persigo ideias. Diante da imensidão vazia da tela, vejo o reflexo do meu rosto nela. Vejo o quarto, vejo os móveis, vejo os seus meus livros, vejo tudo... só não vejo seu rosto, só não vejo você.


by DevianArt

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Mais do mesmo?



Essa notícia eu já vi
Esse livro eu já li
Essa foto  eu já tirei
Por esse filme já chorei
Essa música eu já toquei
Com esse sonho já sonhei
Tudo novo de novo?
Sempre mais do mesmo?
Ah! Cansei!
Eu quero é novidade...

domingo, 7 de novembro de 2010

No sense? Só sense!


No enlaço do laço do nó do abraço
Na mistura que figura a fulgura da nossa loucura
No embolado apertado do emaranhado engalfinhado
No calor fervente do amor ardente
Na conexão da ligação dessa fusão
Na pele que adere e não repele
Na boca louca na nuca

No enlaço do laço do nó do abraço
Nós consumimos o S de sós
Nós nos devoramos nós
E somos só o nó de dois num só