sábado, 27 de setembro de 2008
Quando sei que estou apaixonada
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Cacos de tempo
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Poesia
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Esfinge
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Por um laço de fita...
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Ônibus, celular e idéias
Para mim, o transporte coletivo é um meio muito fecundo. Acho que as melhores idéias que já tive foram a bordo de um ônibus: o mote ou o verso para começar um poema, a idéia-chave para a conclusão de um artigo, a compreensão de um conceito que parecia incompreensível...
Ao despontar uma idéia, procurava desesperadamente papel e caneta em minha bolsa para virtualizar minha memória – era um desespero frenético, pois as minhas idéias são muito fugazes; quando menos se espera elas batem asas e vão embora. Quem acompanhava a cena certamente imaginava-me louca. Principalmente ao observar as minhas incansáveis tentativas de escrever em com o veículo em movimento. Saía cada garrancho! Em pensamento eu desejava: “tomara que feche o sinal”, “tomara que alguém peça o ponto”. Ás vezes, entre a busca do papel e da caneta, uma parte da idéia era perdida, ou então eu mesma não conseguia decifrar os garranchos. Ô aperreio! Porém, penso eu, acho que agora encontrei uma forma de lidar com essas idéias danadinhas...
Há pouco tempo, comprei um telefone celular novo. Das muitas diferenças entre o meu aparelho anterior e o atual, esta é a melhor: a possibilidade de criar notas com até 3.000 caracteres! Isso corresponde a mais da metade – 80% – de uma página tamanho A4, escrita em fonte 12, e eu posso criar mais de 10 notas. No fim das contas, dá para escrever umas oito páginas.
Que maravilha o celular! Posso registrar os meus devaneios, uma idéia que não quero ver perdida, com a maior facilidade, sem ser notada por ninguém. O movimento do ônibus não interfere mais, na verdade ele nem é percebido, e, quando eu nem vejo, já cheguei ao meu destino, carregada de textos em meu bolso. Antes, na luta com a caneta e o papel, eu registrava um verso, tópicos, pontos importantes para serem desenvolvidos em momento oportuno. Agora eu escrevo parágrafos, estrofes, poemas completos. Por que é que eu não havia pensado nisso antes? Quantas idéias não teriam escapulido? Quantos versos registrados?
Ultimamente tenho pensado bastante, e trabalhado também, para comprar um carro – sair de casa mais tarde, chegar mais cedo –; aproveitar mais o meu tempo de estudo. Acho que vou desistir da idéia... Com um celular meio “note-book” e uns livros, o ônibus pode ser um local de estudo. Até o engarrafamento diário será menos entediante.
Para os meus companheiros de idéias fugidias, deixo uma dica: use o celular. Se a idéia for muito grande, como é o caso desse texto, que foi escrito enquanto eu me deslocava para o trabalho, os dedos irão doer um pouco. Mas o que é uma dorzinha na ponta dos dedos ante a felicidade de uma idéia?
Mas nem tudo são flores... Para não dizer que não falei dos espinhos1, pensemos em nossas cidades tão violentas. Há um grande risco de o celular ser roubado por algum ladrão observador da minha peripécia. Dói imaginar: eu descendo do ônibus, sendo abordada e... Ô aperreio! Depois de tanto trabalho para não deixar as idéias escapar, vê-las ser levadas por alguém que, provavelmente, não vai aproveitá-las; fugindo presas no bolso do larápio.
1 Em alusão à música de Geraldo Vandré.